Estou adiando escrever sobre isso desde que cheguei. Talvez porque era necessário refletir primeiro. Mas sinto que está na hora, que chegou o momento de colocar pra fora muito do que o intercâmbio significou pra mim internamente. Essa "loucura" toda representou um encontro comigo mesma, com o ser humano que sou e, especialmente com o ser humano que quero ser. Um encontro com o que quero pra mim e para minha vida, seja profissionalmente, seja pessoalmente.
Se todo mundo pudesse agarrar uma oportunidade dessas pelo menos uma vez na vida, eu diria para fazê-lo. Ir morar em outro país e ter a oportunidade incrível de conhecer outras pessoas e outras culturas não tem preço. Por mais que no meu caso se tratasse da mesma língua (mais ou menos... hahahahhaha) e que a cultura tenha certas semelhanças, o crescimento foi sem medidas. O que eu cresci a vida inteira talvez seja menos do que cresci nesses pouco mais de 4 meses.
Estar sozinha, sem nada do que se está habituado e ter que resolver tudo por si mesma, não ter pra onde correr. Tudo isso faz você se voltar muito pra dentro de si, é um processo de autoconhecimento mesmo. Por mais que se faça novas amigos e que pessoas incríveis tornem-se parte da sua nova vida, não é a mesma coisa que estar num ambiente familiarizado. Novos amigos ajudam, mas não é a mesma coisa que velhos amigos e família. Se você se permitir, a viagem pra dentro será maior do que qualquer viagem externa que você possa fazer.
Talvez isso não seja assim pra todo mundo. Na verdade a impressão que fica é que muita gente busca mesmo se liberar. A maioria tem tantas amarras que intercâmbio significa ficar longe de tudo e de todos pra fazer "o que der na telha" e isso pode envolver beber até cair, ir à todas as festas que o corpo aguentar, ficar com todo mundo ou ficar com pessoas no mesmo sexo. O fato é que eu nunca tive muitas amarras. Sempre fui de fazer o que senti vontade. Então não fui lá pra me liberar, mas pra me encontrar. E ficar sozinha pode ser bem últil pra isso.
Eu me encontrei. De uma forma que não achei que aconteceria. Eu fui feliz e voltei ainda mais feliz e com mais certeza do que quero. Por isso afirmo que o intercâmbio foi um encontro espiritual com meu eu verdadeiro, por mais que isso possa soar estranho ou até brega para alguns... Torço pra que um dia as pessoas não tenham mais amarras e possam aproveitar um intercâmbio de uma forma que vai muito além de "se divertir loucamente", de uma forma que é muito mais profunda e duradoura.
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