segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

GUEST POST: “A culpa é minha e eu ‘boto ela’ em quem eu quiser” (Ou ainda, o que é preciso pra ser feliz)


O post de hoje era pra ter vindo ontem, mas o dia foi corrido demais e não deu tempo... No meio de uma conversa com a Sheron (nome fictício), ela sugeriu que eu escrevesse um texto na linha desse guest post, falando de imagem perfeita e como isso não traz felicidade verdadeira a ninguém. Falei pra ela que quem tinha bagagem maior pra falar disso era ela. Daí surgiu a ideia do primeiro guest post desse meu filhote. E vem num momento muito feliz: o aniversário de 2 anos. Que venham muitos mais (guest posts e aniversários).

Acho que ela já disse tudo. E como sempre: o importante é encontrar o equilíbrio. 

Lembrando que falei sobre padrão de beleza AQUI


"Você sai de um relacionamento e a primeira coisa que se faz, depois das cataratas do Iguaçu derramadas pelos olhos, é reconstruir os caquinhos da autoestima. Mesmo que tudo termine bem (isso existe, produção!?) ter dedicado um bom tempo a alguém implica em redescobrir-se sozinho...

Há toda uma produção e quando se olha no espelho, é possível ver uma mulher bonita, bem próxima aos padrões exigidos socialmente, elegante, que faria alguns homens babarem. Você se contorce em poses impossíveis de serem executadas - mesmo pelos amantes da Yoga -, seu corpo dói, mas ainda assim, exibe o olhar mais sexy e mais leve que consegue. No fim, as fotos são publicadas e você não se vê ali, recebe um monte de elogios, mas estes elogios não são para você. São para o que você talvez quisesse ser em tempo integral, para o que é vendido em nossas propagandas ou para aquilo que todos acham que se deve ser.

Eu poderia dar o grito de independência feminina agora. Mas eu tenho que admitir que foi bom interpretar um alter ego sexy. Foi bom ver que o mulherão existia dentro de mim, depois dos meses sem me estressar com depilação ou com o cabelo, já que não tinha nenhum boy pra analisar e que ali habitava apesar de 1,66 m, estrias, celulites, sardas e tudo mais que foi escondido nas poses cuidadosas e na maquiagem caprichada. E foi melhor ainda ver que, apesar das odes recebidas, descobrir que estar disfarçando o fato de atingir auge do que os outros pretendem como padrão não faz ninguém feliz – as celebridades que o digam. Nunca fez.

Guardei meu alter ego matador com muito carinho. Apesar de ele ter me causado uma dor imensa ao me fazer ver que a beleza ou poder não me fazem inteira, estar sem ele também me faz triste. E aí vem o desafio: como juntar dois corpos que moram presos dentro de um só? Como ter o prazer de se jogar numa bela make e nos saltos do tamanho de um prédio ao mesmo tempo em que se tem o prazer de passar o dia todo de pijamas? E aí veio a grande descoberta: não é estar mendiga ou matadora que me impede de estar feliz. É ficar imaginando o tempo todo o que os outros esperam. Porque o alter ego só aparece quando eu “estou pro crime” e a frase mais inocente numa destas aprontadas me fez perceber que eu me estresso demais com os outros (“se disserem que fui eu, eu nego e digo que foi a Sheron”). Mas quem apronta sou eu e já que “a culpa é minha e eu ‘boto ela’ em quem eu quiser”, diria o sábio Homer Simpson. O problema é que jogar a culpa nos outros ou no alter ego impedem que eu, você e nossas essências sejam aquilo que querem ser. E nos faz muito, mas muito infelizes".


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