O post de hoje era pra ter vindo ontem, mas o dia foi corrido demais e não deu tempo... No meio de uma conversa com a Sheron (nome fictício), ela sugeriu que eu escrevesse um texto na linha desse guest post, falando de imagem perfeita e como isso não traz felicidade verdadeira a ninguém. Falei pra ela que quem tinha bagagem maior pra falar disso era ela. Daí surgiu a ideia do primeiro guest post desse meu filhote. E vem num momento muito feliz: o aniversário de 2 anos. Que venham muitos mais (guest posts e aniversários).
Acho que ela já disse tudo. E como sempre: o importante é encontrar o equilíbrio.
Lembrando que falei sobre padrão de beleza AQUI.
"Você sai de um relacionamento e a
primeira coisa que se faz, depois das cataratas do Iguaçu derramadas pelos
olhos, é reconstruir os caquinhos da autoestima. Mesmo que tudo termine bem
(isso existe, produção!?) ter dedicado um bom tempo a alguém implica em
redescobrir-se sozinho...
Há toda uma produção e quando se
olha no espelho, é possível ver uma mulher bonita, bem próxima aos padrões
exigidos socialmente, elegante, que faria alguns homens babarem. Você se
contorce em poses impossíveis de serem executadas - mesmo pelos amantes da Yoga
-, seu corpo dói, mas ainda assim, exibe o olhar mais sexy e mais leve que
consegue. No fim, as fotos são publicadas e você não se vê ali, recebe um monte
de elogios, mas estes elogios não são para você. São para o que você talvez
quisesse ser em tempo integral, para o que é vendido em nossas propagandas ou
para aquilo que todos acham que se deve ser.
Eu poderia dar o grito de
independência feminina agora. Mas eu tenho que admitir que foi bom interpretar
um alter ego sexy. Foi bom ver que o mulherão existia dentro de mim, depois dos
meses sem me estressar com depilação ou com o cabelo, já que não tinha nenhum
boy pra analisar e que ali habitava apesar de 1,66 m, estrias, celulites,
sardas e tudo mais que foi escondido nas poses cuidadosas e na maquiagem
caprichada. E foi melhor ainda ver que, apesar das odes recebidas, descobrir
que estar disfarçando o fato de atingir auge do que os outros pretendem como
padrão não faz ninguém feliz – as celebridades que o digam. Nunca fez.
Guardei meu alter ego matador com
muito carinho. Apesar de ele ter me causado uma dor imensa ao me fazer ver que
a beleza ou poder não me fazem inteira, estar sem ele também me faz triste. E
aí vem o desafio: como juntar dois corpos que moram presos dentro de um só?
Como ter o prazer de se jogar numa bela make e nos saltos do tamanho de um
prédio ao mesmo tempo em que se tem o prazer de passar o dia todo de pijamas? E
aí veio a grande descoberta: não é estar mendiga ou matadora que me impede de
estar feliz. É ficar imaginando o tempo todo o que os outros esperam. Porque o
alter ego só aparece quando eu “estou pro crime” e a frase mais inocente numa
destas aprontadas me fez perceber que eu me estresso demais com os outros (“se disserem que fui eu, eu nego e digo que foi a Sheron”). Mas quem apronta sou
eu e já que “a culpa é minha e eu ‘boto ela’ em quem eu quiser”, diria o sábio
Homer Simpson. O problema é que jogar a culpa nos outros ou no alter ego
impedem que eu, você e nossas essências sejam aquilo que querem ser. E nos faz
muito, mas muito infelizes".
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