segunda-feira, 8 de setembro de 2014

E já se passou um ano...


Neste dia, apenas um ano atrás, eu acordei do outro lado do Oceano Atlântico, já tinha experimentado pastel de nata, já tinha conhecido as Galerias de Paris e já estava mais ou menos instalada na cidade que seria minha morada por alguns (poucos) meses. E esses "poucos" meses foram de um crescimento sem tamanho. Crescimento que talvez jamais tivesse acontecido se eu não tivesse ido para outro país com a cara e a coragem (e graças aos incentivos que recebi de todos que queriam meu bem). 

O Portinho foi a melhor coisa que já me aconteceu, foi a experiência de vida mais incrível e engrandecedora. Sempre que qualquer pessoa com dúvidas me pergunta se deve fazer intercâmbio ou não eu digo que sim, que vá sem medo ou com medo mesmo (mandando ele pro "foda-se"), porque poucas coisas na vida te farão crescer tanto quanto uma experiência como essa. 

Alguns dizem que Portugal é o Brasil da Europa e mesmo com as semelhanças, são as diferenças culturais que tornam a coisa toda ainda mais incrível. Toda vez que escuto qualquer fala naquele sotaque que aprendi a amar me dá um aperto no peito (gostoso, diga-se de passagem) que me diz sempre que tenho que voltar. E não tenho dúvidas de que voltarei, porque mesmo tendo morado no Porto por menos de 5 meses, eu sinto até hoje que lá também é meu lar. 

Pelas pessoas que conheci, pela beleza da cidade, pelas comidas (ai... aquele bacalhau com natas...) e por tudo mais que essa experiência envolveu, eu não trocaria aquela oportunidade por nada. Se pudesse viver tudo de novo, eu viveria da maneira mais intensa e verdadeira possível. 

Escrevo esse texto com lágrimas nos olhos e com a certeza absoluta de que um dia voltarei e irei novamente a todos os cantinhos incríveis daquela cidade que será sempre um lar para mim. Dizem que quando a gente viaja, deixamos casas espalhadas pelo mundo... imagina então morar num lugar como aquele em que cada esquina reserva uma beleza diferente? Ah, Portinho... jamais esquecerei de todas as experiências que vivi graças à oportunidade de morar aí...

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Lâmpadas e inteligência - Rubem Alves


"Num dos meus momentos de vagabundagem, um pensamento me apareceu que fez uma ligação metafórica entre lâmpadas e inteligências que nunca me havia passado pela cabeça. Tratei, então, de seguir a trilha. As lâmpadas servem para iluminar. Para isso são dotadas de potências de iluminação diferentes. Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts etc. Qual é a melhor lâmpada? Parece que as de 150 watts são as melhores porque iluminam mais. Também as inteligências servem para iluminar. Tanto assim que se diz “tive uma ideia luminosa!”. E nos gibis, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, o desenhista desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça. E também as inteligências, à semelhança das lâmpadas, têm potências diferentes. Os psicólogos inventaram testes para atribuir números às inteligências. A esses números deram o nome de QI, coeficiente de inteligência. Segundo as mensurações dos psicólogos, há QIs de 100, de 150, de 200... Ah! Uma pessoa com QI 200 deve ser maravilhosa! Porque, como todo mundo sabe, inteligência é coisa muito boa. Todo pai quer ter filho inteligente. Mas as lâmpadas não são objetos de contemplação. Não se fica olhando para elas. Olhamos para aquilo que elas iluminam. Uma lâmpada de 150 watts pode iluminar o rosto contorcido de um homem numa câmara de torturas. E uma lâmpada de 60 watts pode iluminar uma mãe dando de mamar ao filhinho. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam. As inteligências valem pelas cenas que iluminam. Há inteligências de QI 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. E como ficam bem iluminados os esgotos e os cemitérios! E há inteligências modestas, como se fossem nada mais que a chama de uma vela, que iluminam o rosto de crianças e jardins! A inteligência pode estar a serviço da morte ou da vida. E a inteligência, pobrezinha, não tem o poder para decidir o que iluminar. Ela é mandada. Só lhe compete obedecer. As ordens vêm de outro lugar. Do coração. Se o coração tem gostos suínos, a inteligência iluminará chiqueiros, porcos e lavagem. Se o coração gosta de crianças e jardins, a inteligência iluminarácrianças e jardins. Por isso é mais importante educar o coração que fazer musculação na inteligência. Eu prefiro as inteligências que iluminam a vida, por modestas que sejam".

Mais um do "Ostra feliz não faz pérola". Eu tinha parado a leitura para ler outras coisas, mas decidi que preciso terminar os (bons) livros que começo antes de partir para os seguintes, então vou terminar todos os pendentes antes de iniciar o próximo. É triste porque existem muitos livros bons no mundo e fico frustrada quando penso que é impossível ler todos hahahaha

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Você não se decepciona com os outros

Se decepciona consigo mesmo. 


É isso mesmo. Na maioria das vezes (e digo "maioria" só porque pode ser que em algumas situações isso não seja assim, mas eu duvido), quando aquela pessoa age de tal forma que vai de encontro a tudo que você acreditava saber sobre ela, quem estava errado era você - e não ela. 

Essa pode ser uma das coisas mais difíceis de admitir pra si mesmo. Especialmente se aquela pessoa já te decepcionou mais de uma vez (ou inúmeras vezes!). Você é burro? Acredito eu que não. Mas é possível que você seja ingênuo ou "se faça" de bobo. Nós não somos lá muito espertos quanto o assunto são as pessoas que gostamos. 

Quando constatamos que são nossas expectativas que nos decepcionam e não a outra pessoa, seja ela quem for, fica mais fácil não guardar rancor. Afinal, ela é ela e pronto. Se você esperava mais, mesmo que ela tenha gerado expectativas legítimas, era você que não estava atento o suficiente para perceber que não seria como o esperado.

Acredito que isso faça parte de "assumir as rédeas da própria vida" e da forma como lida com os acontecimentos. É difícil? Muito! Mas os maiores ensinamentos geralmente causam uma dorzinha antes de aprendê-los. Isso não quer dizer que não vamos mais nos decepcionar, mas faz parte de crescer e amadurecer assumir que você é o responsável pelo que te acontece. 

Se decepcionou? Siga em frente, veja se vale a pena confiar de novo ou se pra você é difícil saber até onde pode ir com aquela pessoa (se o melhor é se afastar ou não) e simplesmente não a culpe pela sua falta de esperteza.


Ps: Dizem que quando falamos, a primeira pessoa a nos ouve somos nós mesmos. O mesmo acontece quando escrevemos. Pois é... 


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Autoperfeição com Hatha Yoga


Pessoas, estava lendo "O morro dos ventos uivantes" e dei uma pausa quando meu kindle voltou a funcionar pra ler um pouco sobre yoga. Eu gosto muito de praticar e me faz um bem danado, mas estou precisando de alguma inspiração maior pra conseguir firmar. Já tem tempo que começo e paro, começo e paro. To precisando mesmo começar e não parar. 

Comecei então com o Prof. Hermógenes (aquele fofo hahahahha). O livro é ótimo! Estou adorando. O trecho que segue fala sobre respiração (pranayama), que é tão importante para os praticantes e que eu ainda sei bem pouco. Pra quem se interessa por esse assunto, segue o trecho.

Como corrigir a respiração deficiente

"Como os exercícios de pranayama são quase todos executados usando somente o nariz, antes de iniciar um deles é preciso ter as fossas nasais totalmente desimpedidas. 

Talvez nenhuma técnica yogue seja necessária quando se trata de uma pessoa que respira pela boca devido a mau hábito formado em época em que, por um qualquer defeito anatômico ou fisiológico, teve dificuldade em respirar pelo nariz. Neste caso, só é preciso uma boa dose de propósito de livrar-se do habito, se é que o obstáculo anatômico ou fisiológico já foi removido.

Para desobstruir uma das narinas, coloque na axila do lado oposto um volume como o de um livro, ou o punho fechado. Dentro de minutos, o desentupimento se dá. É só ter um pouquinho de paciência. Logo que obtiver o que deseja, desfaça a pressão, senão vai entupir a narina do mesmo lado. Se estiver na cama, é suficiente deitar-se sobre o lado desobstruído, para em poucos instantes livrar a narina que estava entupida. E ainda há quem não admita a existência. a dos nadis!!...

A lavagem do nariz ou vyut-krama consiste em aspirar água pelo nariz e cuspi-la pela boca. A sucção se faz mais com a faringe do que com as narinas. A água deve ser fervida, com uma solução de 7% de sal de cozinha (melhor o sal bruto) e em temperatura tépida. As primeiras vezes a coisa é desagradável. Dá uma dorzinha que desaparece com poucos segundos.

Alguns exercícios de pranayama, adiante ensinados, são outras formas eficazes de limpar o muco das narinas e quem os pratica realiza outrossim um tratamento preventivo.

Há certas práticas indicadas por Kerneiz (op. cit.) que preferimos explicar na palavra do autor. Tais técnicas "consistem essencialmente em pronunciar ou sobretudo em cantar certas sílabas de maneira a fazer vibrar as paredes das vias respiratórias. Os sons devem de preferência ser emitidos sobre uma das notas do acorde perfeito e segundo o registro vocal de cada um. Não é preciso cantar a toda a voz, mas cantarolar".

"A sílaba mais própria a fazer vibrar a cavidade torácica mediana é frem; é preciso tentar um pouco para obter o justo som; apoiando ligeiramente os dedos sobre o peito, deve-se sentir a vibração. Om (a sílaba sagrada) faz voltar a parte superior da caixa  torácica e a base da garganta. Yum a parte superior da garganta e alto da glote. Vam o alto do véu palatino e a parte posterior das cavidades nasais. Mam a parte média do véu palatino e das cavidades nasais. Sam a parte anterior do véu palatino e das cavidades nasais. Podem-se obter vibrações um pouco diferentes e mais acentuadas substituindo o m final por n."

"A emissão prolongada e repetida dessas sílabas sobre um som musical e as vibrações que elas determinam tem por efeito purificar as vias respiratórias e livrá-las de todo excesso de muco; exercendo ação tonificante notável, que tende a imunizá-las contra todas as infecções menores de que se tornam sede."

Esses exercícios assim descritos por Kerneiz são classificados na categoria de mantrans. Mantram é a palavra ou som que determina efeitos vibratórios, psíquicos e espirituais quando devidamente emitidos. São verdadeiros mantrans os cantos gregorianos e a entoação das suras do Alcorão pelos muçulmanos em prece. De certa forma, o efeito psicológico arrancado aos soldados pela marcialidade dos tambores exemplifica o que os orientais denominam mantrans."


Vale muito à pena ler o livro, gente. Recomendo!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Gosto mesmo é de quem cuida da própria vida.


Tem gente que gosta tanto de olhar pro umbigo alheio que esquece do próprio. É chato. É cansativo. Dá preguiça. Parece que a especialidade de algumas pessoas é apontar características alheias que elas consideram erradas ou desagradáveis. Costumo dizer que já tenho trabalho suficiente com a minha própria vida, estou vivendo e não tenho tempo de cuidar do que é do outro e não me diz respeito. Tenho visto situações assim com bastante frequência. Felizmente quase nunca é comigo. Mas sempre fico me perguntando porque as pessoas gastam energia e tempo com coisas assim. 

Sei lá, minha energia positiva e o tempo que tenho pra mim e para os que amo é tão precioso pra ficar gastando com coisas pequenas e mesquinhas que prefiro não fazer parte disso. É lógico que não sou santa e por vezes me pego falando o que não devia (acontece com mais frequência em pensamento do que em ação propriamente dita), mas decidi que quero cada vez mais me policiar. Claro que é mais fácil policiar a fala, mas espero chegar num ponto em que nem pensamentos desse tipo cheguem na minha mente. 

É o minimalismo permeando a minha vida internamente: quero cortar tudo que não vale à pena.