quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Faça o que você ama. Será?

(imagem retirada de um link que vale a pena checar)

Hoje eu venho escrever sobre um tema que muitos talvez pensem ser contraditório com minha crenças sobre vida e felicidade. Em uma visão superficial posso realmente passar essa impressão de contradição. Não vejo muita gente falando isso pelos blogs e sites na internet que costumo ler (e não me lembro de já ter escrito sobre isso aqui no bloguinho), mas essa "filosofia" do "faça o que você ama" tem me incomodado bastante. Eu não acho que ninguém deva trabalhar com algo que odeie, mas essa obrigação de transformar o que você gosta em algo que te renda dinheiro é muito bizarra pra mim. 

Explico: um dos objetivos principais de se ter um trabalho e se dedicar a uma carreira é se sustentar no mundo capitalista, o que se dá através do dinheiro recebido por esse trabalho. Outros objetivos tão importantes quanto, podem existir e variar de pessoa para pessoa: como a necessidade de ser bem sucedido profissionalmente (seja medindo por meio do salário ou de reconhecimento - ou de ambos), ou a necessidade de trabalhar em algo com propósito (um trabalho com propósito é aquele que você faz não apenas para receber um salário, mas também pra ajudar as pessoas e melhorar o mundo - podem existir outras definições, mas essa é a minha), ou qualquer outro objetivo que você puder pensar. 

O "faça o que você ama", na minha opinião, tem dois problemas principais: primeiro, quem defende isso faz parecer que é muito fácil, que basta querer, se sentir motivado e fazer um bom planejamento que você tem a receita do sucesso; segundo, fica parecendo que como você faz o que ama, pode fazer isso todo o tempo e ter dedicação integral, você não precisa ter hobbies nem vida pessoal porque o seu trabalho já te preenche. Eu posso estar exagerando na minha interpretação, mas levando a coisa ao extremo, é isso que me parece. 

Em primeiro lugar, motivação não te faz chegar a lugar nenhum se você não tiver disciplina e foco. Eu, por exemplo, me sinto bastante motivada a desenhar e fotografar e nem por isso virei fotógrafa ou vou virar desenhista/ilustradora. O discurso da motivação é muito bonito. Mas nem de longe ela é suficiente e imprescindível. Uma pessoa disciplinada, que sabe o que quer, tem muito mais capacidade de alcançar seus objetivos do que uma pessoa simplesmente motivada, mas dispersa. 

Em segundo lugar, quando você transforma um hobbie em uma profissão, no seu "ganha pão", saiba que a sensação de estar fazendo aquilo não vai ser a mesma, porque você vai ter obrigações específicas, prazos a cumprir, clientes com quem lidar e etc, como outra profissão qualquer, só que com a diferença de que você não acha aquilo tudo uma merda o tempo todo. 

Tudo que estou escrevendo aqui hoje é resultado de muito tempo de reflexões e conversas. Eu não pretendo, de forma alguma, trabalhar em algo que eu não goste ou que não tenha propósito pra mim e nunca vou defender que ninguém faça isso. Mas também não pretendo transformar meus hobbies em profissões (pelo menos não a curto prazo hahahaha). Eu quero continuar tendo meu trabalho e meus hobbies, não gostaria de ter um trabalho em tempo integral, porque a vida é muito mais do que um emprego ou uma profissão e, particularmente, eu gosto que seja assim. 


O texto que me inspirou a finalmente escrever sobre isso não tem relação direta com o assunto, mas associações interessantes são possíveis. Foda-se a motivação, o que você precisa é disciplina

2 comentários:

  1. UAU! Que reflexão sensacional! eu nunca tinha refletido sobre esse assunto por essa ótica... muito interessante essa proposta que voce faz e que nos leva tambem a refletir. Confesso que ando num dilema profissional, meio perdida... então agradeço por me fazer olhar as coisas por um outro angulo!

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    1. Olá Bruna! Que bom que gostou! De dilemas profissionais eu entendo bem viu! hahahaha Boa sorte com os seus ;) É sempre bom refletirmos!

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