quinta-feira, 30 de julho de 2015

Fiz vinte seis - o que aprendi até agora


Eu acredito que maturidade tem pouco a ver com idade e muito mais relação com a forma como lidamos com as experiências pelas quais passamos e nossa capacidade de observar e aprender com as experiências das pessoas à nossa volta. Por isso vejo muita gente nova que se mostra muito mais amadurecida do que pessoas que já passaram por muito mais coisas na vida. E também por isso acredito que argumentos que envolvem idade não fazem muito sentido.

Terça-feira foi meu aniversário. 26 anos. Mais perto dos 30 do que dos 20. Como esse tipo de data traz muitas reflexões, decidi compartilhar com vocês algumas das coisas que aprendi ao longo do tempo e que, de algum forma, foram úteis pra mim.

1) Aprendi a me importar cada dia menos com a opinião dos outros. Existem situações em que o que fazemos afeta outras pessoas e por isso é preciso levar o ponto de vista delas em consideração, mas na maioria das vezes o que decidimos para nós e a forma como levamos nossa vida diz respeito apenas a nós mesmos e não faz sentido nos importarmos com o que os outros pensam ou dizem se eles não estão sendo afetados pelo que fazemos. Nem sempre é fácil, mas ser honesta comigo mesma sempre me faz sentir que estou no caminho certo. 

2) Aprendi a seguir meu coração. A sociedade tem muitas receitas prontas sobre como devemos levar nossa vida e quais são os objetivos que uma pessoa deve alcançar ao longo de sua existência. Sempre achei isso tudo muito limitado e limitador. Por isso levo minha vida de acordo com o que acredito e, de forma geral, isso é muito diferente do que a sociedade prega. Por isso o ponto 1 é tão importante pra mim. 

3) Aprendi que o minismalismo pode me tornar uma pessoa melhor. Entre muitas coisas, o minimalismo me tornou uma pessoa mais consciente em relação ao sistema capitalista e como ele pode afetar negativamente o mundo. Isso me fez perceber que o tipo de vida que quero viver não é essa que a maioria das pessoas está acostumada a viver. Dizem que se todo mundo fosse minimalista o mundo entraria em colapso. Não tenho dúvidas de que a crise atual do sistema seria muito pior, porque hoje, pelo menos, as pessoas ainda querem consumir, embora nem sempre possam. Mas eu acredito que crises existem pra que seja possível rever antigos modelos e modificá-los. O consumo desenfreado só traz vantagens a quem já tem um mundo de privilégios. Ao cidadão comum, esse "american way or life" só serve para gerar dívidas e mais dívidas. E é por isso que eu fujo disso como o diabo foge da cruz! 

4) Aprendi que o conhecimento é umas das coisas mais importantes e valiosas que alguém pode acumular. Por isso nunca me conformei com o afunilamento do conhecimento. O mundo profissional parece exigir cada vez mais especializações e cada dia mais as pessoas sabem muito de quase nada e não é esse tipo de conhecimento que desejo pra mim. Obviamente é necessário escolher um caminho a seguir rumo a ele, mas eu não me limito a isso. Gosto de conhecer outras coisas e me aventurar fora da "minha área". Por isso gosto tanto de documentários e me interesso por assuntos tão diferentes uns dos outros.

5) Aprendi que outra coisa muito valiosa que podemos acumular são experiências. Seja com viagens ou dentro de nossas própria cidade é sempre maravilhoso fazer coisas diferentes e aprender ao máximo com elas. Por isso tento nunca me limitar ao que faço rotineiramente e busco sempre coisas diferentes. 

6) Além disso, uma terceira coisa extremamente valiosa - e que nunca é demais - são os relacionamentos que estabelecemos com as pessoas. Desde a adolescência, eu sempre tive um cuidado muito grande com minhas amizades e com a forma como trato cada pessoa que passa pela minha vida. Talvez isso se deva ao fato de que não fui uma criança ou adolescente muito popular, eu não tinha muitos amigos. E isso me ensinou o valor que cada pessoas individualmente tem em nossas vidas e por isso nunca deixo de dedicar um tempo àqueles que quero bem. 

7) Aprendi que a vida é muito curta pra desperdiçarmos apenas com estudos ou trabalho. Afinal de contas a gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã. A vida profissional é importante, mas como já falei em texto anteriores, está longe de ser a coisa mais importante na vida (pelo menos pra mim). Por isso, vocês nunca me verão dedicando 100% do meu tempo à isso, simplesmente porque a vida é muito maior do que a nossa necessidade de fazer dinheiro ou mesmo de acumular conhecimento (sim, tenho amor pelo conhecimento, mas também tenho amor por muitas outras coisas, especialmente por pessoas).

8) Aprendi que a forma como as pessoas lidam com o que falamos ou fazemos com elas é responsabilidade nossa, mas também é responsabilidade delas. É preciso cuidado no trato com as pessoas. Não podemos agir como se nossas atitudes não tivessem consequências ou como se pudéssemos falar o que bem entendemos sempre. As pessoas tem sentimentos e histórias de vida que não podemos nem imaginar (por mais que às vezes as conheçamos muito bem). Mas ao mesmo tempo não somos responsáveis pela forma como elas encaram as coisas se tomamos todos esses cuidados. Eu percebo que muitas pessoas tem atitudes exageradas em muitas situações e nós não temos controle sobre isso. Por isso, se temos a consciência tranquila de que agimos da melhor maneira possível pra não ferir os outros, não somos culpados caso isso aconteça.

9) Aprendi que não temos direito de tentar mudar ninguém. As pessoas são como elas são e só vão mudar quando elas quiserem essa mudança. Você pode conhecer alguém que sempre tem relacionamentos destrutivos, alguém que sempre se joga de maneira pouco saudável nos relacionamentos, alguém que acha que pode tratar as pessoas como bem entender e etc... muitas são as possibilidades de características de pessoas que você tem vontade de ajudar, mas por mais que você fale, isso só vai acontecer quando elas mesmas perceberem a necessidade de mudança. E isso pode nunca acontecer. Cabe a você aprender a lidar com isso. Afinal de contas as pessoas que tem algumas características que você considera problemáticas podem ser as mesmas que se divertem com você ou que se mostram presentes quando você precisa. Então quem deve aprender a lidar com isso é você - não são elas que devem mudar porque você acha que isso é o melhor pra elas. 

10) Como esse texto tá ficando grande demais, vou acrescentar só mais um ponto. Aprendi que ser feminista e me orgulhar disso é uma das melhores coisas que me aconteceu. Mas é difícil conviver diariamente com as pessoas que não enxergam o machismo que ainda existe na sociedade. Tão difícil quanto é lidar com pessoas que se dizem feministas, mas que na verdade são apenas "femistas" ("femismo" é o contrário de machismo). A luta por igualdade é - e vai continuar sendo - uma luta diária e muito maior do que qualquer pessoa ou movimento, por isso vou ter sempre orgulho de acreditar na igualdade!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Sobre sucesso e futuro profissional



Há dias venho sentindo vontade de escrever por aqui. Meu filhote anda meio abandonado muito mais por falta de inspiração do que por falta de tempo. Este tem sido curto sim, mas quando queremos algo encontramos um jeito de colocar as mãos na massa. O fato é que a correria do dia-a-dia pode nos fazer seguir em frente meio que no automático e isso é bem ruim. Por sorte eu voltei a meditar e ando refletindo muito sobre a vida, o mundo, o futuro e mais um tanto de coisas que passam pela minha cabeça naturalmente reflexiva...

Recentemente fiz um questionamento no Facebook relativo à obrigatoriedade de querer ser "bem sucedido" profissionalmente. Eu sinto que as pessoas não refletem sobre si mesmas e sobre o que querem para si. Apenas seguem a massa como uma manada que anda junto sem nem saber direito que líder está guiando (não que eu ache que na natureza seja assim, é apenas uma analogia). 

Para a minha alegria, meus amigos de Facebook são mais reflexivos que a maioria, ao que parece. Que bom! 

O fato é que parece que estamos sempre sendo cobrados e nos cobrando ainda mais. E é difícil ir contra o que parece certo e previamente moldado. São tantos discursos que às vezes fica difícil saber no que acreditar. 

Profissionalmente falando tem aqueles que buscam meramente a estabilidade, em sua maioria através de concursos públicos. Tem também aqueles que pregam o tal do "faça o que você ama" (e um monte de gente que já está ganhando dinheiro em cima desse discurso, supostamente ensinando como "rentabilizar" um sonho e ficar rico fazendo o que se gosta). Tem aqueles que escolhem a profissão com base no possível retorno financeiro e do status que aquilo pode gerar. 

Enfim, as maneiras são muitas, mas a maioria sempre está pregando (como Igreja mesmo) o que precisamos fazer pra ser bem sucedidos, como se não fosse possível uma ideia diferente de sucesso que não envolva muito dinheiro, status ou bens materiais. Por que tão pouca gente parece ver essa possibilidade como possível ou saudável? Por que o próprio discurso do "faça o que você ama" parece sempre levar à necessidade de ser "foda" e ganhar muito dinheiro com isso? Isso sem comentar que as pessoas que pregam esse discurso por aí excluem completamente dele a maioria esmagadora de pessoas normais (e pobres, no geral) que dependem de trabalhar pra comer. Mas isso já é assunto pra outro post. Aliás, esse assunto poderia gerar vários posts. 

Eu tenho um sonho profissional. Uma vontadezinha no meu íntimo que parece um chamado. E eu quero correr atrás dele. Mas isso não quer dizer que essa seja minha única opção e muito menos que sou obrigada a perseguir esse sonho como se fosse minha única possibilidade de felicidade. Isso não quer dizer nem mesmo que eu tenho que usar todas as minhas energias pra alcançar isso. 

Sinceramente? O mundo é um lugar de infinitas possibilidades (infelizmente não para todos...vale lembrar)! Eu tenho, sim, um sonho profissional, mas ao lado dele eu tenho diversos outros sonhos que eu não vou deixar pra viver só depois que já tiver o tal do "sucesso profissional" (que aliás, pra mim, é muito diferente do que a maioria prega). Eu tenho algumas ideias sobre o caminho a seguir, mas eu não tenho um futuro previamente planejado, com cada passo traçado e etc. Por sinal, quem acha que tem isso deve parar e refletir, porque a vida, por natureza, é incerteza. E sabe de uma coisa? Essa incerteza é uma das partes mais incríveis da vida! 

:)