sábado, 29 de setembro de 2012

Você.


Eu quero você inteiro
Por inteiro
Hoje
Amanhã
E sempre.

Eu quero você perfeito
Imperfeito
Ciumento
Chato
Implicante.

Eu quero você louco
Romântico
Sonhador
Distraído
Lindo.

Eu quero você desde sempre.
Antes mesmo de te conhecer
Meu coração já tinha escolhido você 
Antes mesmo de você nascer.

Eu quero você
De corpo
Alma
E pensamento.

Eu quero você
E só você
Não preciso de mais nada
Você me faz feliz.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Afinidade



"A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo mediando a vida.


É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.


Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.


Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.


Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.


Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar. Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.


Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.


Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder questionar. Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso. Isso é afinidade. Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona. Questionamento de afins, eis a (in)fluência. Questionamento de não afins, eis a guerra.


A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele. Independente dele. A quilômetros de distância. Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar. Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar, por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos. Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos, veremos ou falaremos.


Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem para buscar sintomas com pessoas distantes, com amigos a quem não vemos, com amores latentes, com irmãos do não vivido?


A afinidade é singular, discreta e independente, porque não precisa do tempo para existir. Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu o vínculo da afinidade! No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação exatamente do ponto em que parou. Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas nem pelas pessoas que as tem.


Por prescindir do tempo e ser a ele superior, a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente. Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós, para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes. Sensível é a afinidade. É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido. Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau, porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.


Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir restituir o clima afetivo de antes, é alguém com quem a afinidade foi temporária. E afinidade real não é temporária. É supratemporal. Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta, ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade. A pessoa mudou, transformou-se por outros meios. A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas, plantios de resultado diverso.


Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas.


Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob a forma ampliada e refletida do eu individual aprimorado". 


(Arthur da Távola)

domingo, 9 de setembro de 2012

Eu cresci e você não percebeu.


Eu cresci e você não viu
Não entendo porque se recusa a enxergar
Há tempos já não sou sua menininha
Já não sou mais aquela que pede opinião pra tudo
Já não preciso de você pra escolher a roupa que vou usar

Há tempos eu descobri a mim mesma
E o que eu acredito não é o mesmo em que você acredita
Não precisamos concordar em tudo
E você não entende isso
Eu não sou um reflexo seu
Eu sou eu
Com defeitos e qualidades
Errando, mas sempre tentando acertar

Quando digo que só quero que você me aceite
Você não entende
Não preciso que concorde com tudo que faço
E nem quero
Só quero que me enxergue adulta como sou
E me deixe decidir minha vida por mim mesma

Eu não sou de vidro
Não vou quebrar diante do sofrimento
E também não quero que você me impeça de viver
Esse papinho de que "tenho mais anos e mais experiência" já cansou
É furado
Experiência a gente ganha por nós mesmos
E idade não é sinônimo de crescimento e amadurecimento

Eu só queria que você parasse de agir como adolescente
Eu não tenho medo de cara feia
E nem vou ficar chorando pelos cantos
Vou continuar vivendo minha vida e tentando ser feliz
Sinto muito que você se sinta minha dona...
Mas é MINHA vida e eu sei muito bem como cuidar dela

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

É ilusão. Não cura.


Quem já amou de verdade e sofreu ao menos uma vez, jamais vai ter o coração curado. É como se ele virasse um papel amassado e, por mais que a gente tente, esse papel nunca vai ficar liso de novo. É ilusão achar que você vai se curar pra um novo amor. Não se cura. A ferida pode até cicatrizar, mas a marca vai continuar ali. Do que você precisa é de coragem pra viver um novo amor, pra se entregar e escrever uma nova história naquele papel amassado, ainda que saiba que ele pode se amassar ainda mais. 

É ilusão. Nunca cura. Você só precisa estar disposto a seguir em frente com uma nova relação, ainda que pareça difícil ser como antes, ainda que você ache que não vai ser. Relacionamentos exigem disposição de estar ao lado apesar de. Todo mundo vem quebrado. Todo mundo tem bagagem. Novo em folha só se você for capaz de colocar amor no coração de quem nunca foi capaz de senti-lo. E talvez esse alguém seja ainda mais quebrado. 

É ilusão. Nunca cura. Você só tem que seguir em frente e amar de novo se encontrar uma pessoa que te faça sentir vivo, que te lembre que quando você sente saudades, vale a pena ligar porque vocês se gostam e vão dar um jeito de se ver, que queira estar ao seu lado mesmo sabendo que você está quebrado. E, especialmente hoje em dia, é muito difícil encontrar pessoas com esse querer.  

É ilusão. Nunca cura. Mas a gente precisa seguir em frente e encontrar uma maneira de voltar a viver. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Essa vontade sufocante...


Essa vontade sufocante
De ir pra outro lugar
Qualquer outro.

Essa vontade sufocante
De amar um outro alguém
Não qualquer outro.

Essa vontade sufocante
De me libertar de você
De me libertar de mim. 

Essa vontade sufocante
De ser qualquer pessoa
Menos eu.

Essa vontade sufocante
De trilhar o meu caminho
Do meu jeito.

Essa vontade sufocante
De te salvar 
De você mesmo.

Essa vontade sufocante
De permanecer por perto
Mesmo querendo estar longe.

Essa vontade sufocante
De correr pros seus braços
Mesmo sabendo que vou me machucar de novo. 

Essa vontade sufocante
De você.  

Sobre escrever, razão e sentimentos.


A parte mais complicada de se escrever sobre o que se sente é o risco de ficar repetitivo. Ainda mais pra alguém como eu, cuja fuga é escrever. Mais do que falar ou gritar, o que me alivia de verdade é escrever. Mesmo que as palavras colocadas no papel (ou na tela do computador) sejam tão sufocantes quanto o sentimento, ao menos posso colocá-las pra fora e saber que um dia não vão ser muito mais do que palavras ao vento. 


Acredito que não existe nada mais difícil de lidar do que com os próprios sentimentos. Porque não importa o que façamos ou como lidemos, nunca teremos controle. Sentimentos fluem por eles mesmo, independente de razão, independente do que achamos que é certo ou errado. E parece tão difícil encontrar um equilíbrio entre o sentir e a razão. Especialmente pra pessoas que sentem tudo tão intensamente como eu. A razão parece sempre ficar em segundo plano. Não sei se isso é bom ou ruim. Só sei que cada dia que passa sou mais assim.